segunda-feira, 9 de março de 2015

Adélia Prado - Oráculos de maio

Olá Pessoas !

Bem como sempre eu fico um tempão sem postar nada e apareço igual fantasma.
Mãss...
Hoje eu reli um dos livros da Adélia Prado, o “ Oráculos de maio”, e gostaria de trazer algumas poesias aqui pro Bobeira. Bem, eu não sei se vocês sabem, mas não sou muito chegada em poesia. O real motivo desse post é porque é super difícil encontrar poesias assim na internet. Por isso vou deixar um pouco da autora, o que está na contra capa e vou deixar algumas informações sobre o livro, já que este é um dos seus maiores sucessos.

Adélia Prado
“ Nascida em 1935 na cidade mineira de Divinópolis, é formada em filosofia. A Siliciano publicou Cacos para um vidral, Os componentes da banda, O homem da mão seca, Solte os cachorros, Poesia reunida e, mais recentemente, Manuscritos de Felipa.
Oráculos de maio
O livro vai trazer mais uma vez poemas acerca da religião, do culto às coisas simples e à reflexão. Há também poemas que problematizam a própria poesia. É dividido em seis partes: Romaria, Quatro poemas no divã, Pousada, Cristais, Oráculos de maio e Neopelicano.
Vou deixar aqui o poema que mais gostei de cada parte: ( ou dois se forem pequenos J )

Romaria
Em homenagem à minha amiga Aline:
Mural

Recolhe do ninho os ovos
a mulher
nem jovem nem velha,
em estado de perfeito uso.
Não vem do sol indeciso
a claridade expandido-se,
é dela que nasce a luz
de natureza velda,
é seu próprio gosto
em ter uma família,
amar a aprazível rotina.
Ela não sabe que sabe,
a rotina perfeita é Deus:
as galinhas  porão seus ovos,
ela porá sua saia,
a árvore a seu tempo
dará suas flores rosadas.
A mulher não sabe que reza:
que nada mude, Senhor.

Mulher no cair da tarde

Ó Deus,
não me castigue se falo
minha vida foi tão bonita!
Somos humanos,
nossos verbos têm tempos,
não são como o Vosso,
eterno.

Quatro poemas no divã
Shopsi

Hoje completa um ano
que estou fazendo terapia.
- E o que você conta ao doutor ?
- Que tenho medo panifóbico
de ver minha mãe morrer.
- Só isso ?
- Só. Coisa à-toa,
feito não comer três dias
porque vi formiga de asas,
isso eu não conto mesmo,
só converso coisa séria.
- E ele?
- É muito paciencioso,
diz que meu caso é difícil
mas tem cura com o tempo
e qualquer dia me convida
para uma sessão no sítio.
- Você topa?
- Tou pensando,
vai que aparece lá
uma formiga de asas
e apronto aquele escândalo,
me diz com que cara eu volto
no consultório do homem !
- Mas ele está lá pra isso.
- Isso o quê ?
- Tchauzinho, Catarina, tchau.

Cristais
Em homenagem à minha amiga Jenny:

À Mesa

Faca oxidada contra a polpa verde,
é roxo o amor.
De amoras, não.
De dor.
Arte

Das tripas,
coração.

Oráculos de maio
Estação de maio

A salvação opera nos abismos.
Na estação indescritível,
o gênio mau da noite me forçava
com saudade e desgosto pelo mundo.
A relva estremecia
mas não era para mim,
nem os pássaros da tarde.
Cães, crianças, ladridos,
despossuíam-me.
Então rezei: salva-me, Mãe de Deus,
antes do tentador com seus enganos.
A senhora está perdida ?
Disse o menino,
é por aqui.
Voltei-me
e reconheci as pedras da manhã.


Bem, espero que tenham gostado, não deu para colocar todos e meu Word tá osso, mas se curtiram não esqueçam de compartilhar !

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